Jogos no ensino de equações

Luiza Stunder1
Arleni Elise Sella Langer2

Objetivo geral

Propor jogos que auxiliem principalmente professores dos anos finais do ensino fundamental, no ensino-aprendizagem de equações e que possam ser utilizados tanto em aulas remotas quanto em aulas presenciais.

Introdução

Nos encontros semanais do grupo de alunos do Curso de Matemática/Cascavel, no subprojeto Interdisciplinar Matemática/Química, do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid), grande parte das discussões estava relacionada ao ensino da matemática e as diferentes formas de abordagem dos seus conteúdos em sala de aula. Diante disso, foi sugerida a elaboração de uma proposta didático-pedagógica com conteúdo pré-determinado para ser trabalhado nas turmas que acompanhamos na escola, na qual desenvolvemos as atividades do subprojeto, na cidade de Cascavel. Entre as turmas acompanhadas estão as do 7º ano do ensino fundamental.

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, grande parte da dificuldade encontrada pelos alunos nas aulas de matemática está relacionada ao fato de não terem a percepção das aplicações e funcionalidades da referida disciplina (BRASIL, 1998). Com isso, a insegurança, o desinteresse e até mesmo a rejeição pela disciplina norteiam a realidade da maioria dos estudantes. Esses problemas foram agravados no período de aulas remotas, ministradas de forma online, devido ao cenário de pandemia da COVIDD-19 conforme mostram as pesquisas de 2021 citadas por Araújo (2021) em artigo publicado pela Agência Senado.

Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a função da álgebra no ensino fundamental é desenvolver o pensamento algébrico nos alunos, incentivá-los a criar modelos matemáticos para compreender situações e fenômenos, representar e analisar as relações quantitativas e qualitativas entre grandezas, utilizando-se de estruturas matemáticas com símbolos e letras, conforme expõem Souza, Lopes e Nascimento (2020).

Observa-se que comumente os conteúdos matemáticos são abordados de maneira mais técnica, o que os desvincula totalmente da diversão. Contudo há autores que sustentam a ideia de que a matemática:

[...] trabalha com raciocínios hipotético-dedutivos, com demonstrações apoiadas sobre um conjunto de axiomas, postulados e teoremas, no Ensino Fundamental é importante o tratamento lúdico da disciplina que se utiliza de recursos concretos para que, através de experimentações, os alunos possam tirar conclusões e desenvolver as habilidades necessárias para resolver problemas inerentes ao seu cotidiano. (SOUZA et al., 2020, p. 2)

Por isso, parece ser importante realizar práticas pedagógicas em sala, conforme as necessidades e a realidade dos estudantes, de maneira que as aulas sejam mais interessantes e que favoreçam a aprendizagem e o trabalho do professor.

Sendo a matemática uma disciplina, que, como as demais, exige atenção, dedicação e motivação para que os conteúdos abordados possam ser apreendidos, os jogos podem ser ferramentas que auxiliam no processo de aprendizagem (ROCHA, 2017). O jogo, como promotor de aprendizagem, pode ser uma peça fundamental dentre as ferramentas educacionais utilizadas pelo professor, pois a interação do indivíduo com o jogo e com os colegas parceiros pode aproximá-lo do conteúdo a ser trabalhado. Quando colocado em situações lúdicas, o indivíduo pode compreender a estrutura básica do jogo e, consequentemente, o conteúdo trabalhado por meio dele (FARIAS, 2008).

Assim, ao decidirmos escrever sobre equações, conteúdo que estava sendo abordado nas turmas assistidas pelos alunos de iniciação à docência, concluímos que o uso de jogos poderia ser uma boa alternativa para contornar o problema do desinteresse. Essa seria uma maneira mais descontraída de inserir a álgebra, facilitar e encorajar a compreensão do que são equações e como trabalhar com elas.

Atividade 1:
balança de dois pratos

Objetivo

Introduzir e desenvolver o conceito de equações.

Material

Computadores com acesso à internet ou uma balança de dois pratos e objetos que representem os pesos.

Acesso à atividade

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Funcionamento

Primeira etapa – noções básicas

Para desenvolver essa atividade, fica a critério do professor escolher se a realizará individualmente ou em grupos.

Figura 1: Captura de tela do planejamento da atividade
Captura de tela da atividade. Contém uma balaça de pratos com 3 frutas do lado esquerdo e duas frutas do lado direito. Lado esquerdo, uma laranja e duas maçãs. Lado direito, dois limões

Fonte: PhET, Universidade do Colorado.

Nessa etapa, cada grupo pode escolher com qual conjunto de figuras prefere realizar a atividade: frutas, moedas ou animais. Será informado aos alunos o valor de uma das figuras que representam os pesos (valores estabelecidos no planejamento da atividade: laranja = 2, maçã = 4, limão = 5, moeda rosa = 3, moeda amarela = 2, moeda prata com rosto = 5, cachorro = 11, gato = 4, tartaruga = 6) e será pedido que, com ajuda da balança, descubram o peso das figuras restantes do conjunto escolhido.

Em seguida, é apresentada aos alunos a definição de equação, passando da ideia das figuras e da balança à linguagem matemática e definindo os conceitos de equação e incógnita. Na sequência, perguntamos se seria possível equilibrar a balança usando apenas uma das três figuras em um dos pratos e as outras duas no outro (maçãs e laranjas em um dos pratos e limões no outro, por exemplo).

Segunda etapa - variáveis3

Nessa etapa, será passado aos alunos os valores para a incógnita x e algumas equações para que coloquem em um dos pratos e depois descubram qual é o valor que soluciona a equação e o que acontece se o valor de x da equação for alterado. Nesse processo, serão debatidos os conceitos de primeiro e segundo termo e solução/raízes da equação.

Figura 2: Captura de tela do planejamento da atividade
Captura de tela da atividade. Uma balaça de dois pratos. O lado esquerdo possui 3 quadrados com a incógnita x dentro e dois círculos com o número um dentro. Já o lado direito possui cinco círculos com o número 1 dentro.

Fonte: Phet, Universidade do Colorado



Terceira etapa – operações

Figura 3: Captura de tela do planejamento da atividade
Captura de tela da atividade. Balança de dois pratos. Prato esquerdo: um quadrado com 3x dentro e um círculo com o número um dentro. Prato direito: um quadrado com 4x dentro e um círculo com fronteira pontilhada e o número -1 dentro.

Fonte: Phet, Universidade do Colorado

Nessa etapa, o educador trabalhará com os alunos a ideia de equações equivalentes, perguntando a eles se é possível equilibrar a balança colocando equações diferentes em cada prato e até determinando uma das equações para mostrar aos alunos que uma equação pode ter várias equações equivalentes.

Quarta etapa – resolve!

Nessa etapa, os alunos colocam em prática todo o aprendizado, começando a solucionar equações.

O professor passará equações e o aluno deverá descobrir o valor da incógnita.

Figura 4: Captura de tela do planejamento da atividade
Captura de tela da atividade. Balança de dois pratos. Prato esquerdo: um quadrado com 8x dentro e um círculo com o número 6 dentro. Prato direito: um círculo de fronteira pontilhada e com o número -34 dentro.

Fonte: Phet, Universidade do Colorado


Atividade 2:
serpentes e escadas – trilha das equações

Objetivo

Ajudar os alunos na reflexão e compreensão do conteúdo de equação, sanando possíveis dúvidas, usando desafios divertidos, inspirados em situações cotidianas.

Material

  • 2 dados simples (6 faces)
  • Objetos para serem usados como peões
  • Tabuleiro do jogo escadas e serpentes
  • Cartões e cartões respostas

Acesso ao tabuleiro e cartões

Acessar

Regras do jogo

Após dividir a turma em duplas (ou equipes, a critério do professor da turma), cada duas duplas ou duas equipes receberão um tabuleiro, cartas que ficarão empilhadas ao lado com seus versos voltados para cima, peões que serão posicionados na casa de número 1 e dados. Ao determinar quem iniciará o jogo, a dupla/equipe pega uma carta da pilha, lê o desafio em voz alta e tenta resolver. Depois de resolver, buscam o cartão-resposta com o número da atividade do cartão e comparam as respostas; se acertarem devem rolar os dados e avançar o número de casas determinado por eles; se errarem, permanecem na casa atual e será a vez dos adversários, que repetirão as ações.

Figura 5: Tabuleiro serpentes e escadas
Tabuleiro com casa numeradas e alternando entre as cores amarelo e branco. Possui um castelo estilo oriental, várias escadas, várias cobras e vária imagens de uma pessoa sobre um tapete voador.

Fonte: https://ensfundamental1.files.wordpress.com/2010/06/serpentes-e-escadas.jpg

Caso uma dupla/equipe pare em uma casa em que está desenhada a base de uma escada, eles poderão avançar para a casa onde está o topo dessa escada. A regra não se aplica para quando pararem na casa onde está desenhada o topo da escada. Se pararem em uma casa que possui a cabeça de uma serpente desenhada, deverão retornar a casa onde está desenhada a cauda da serpente. A regra não se aplica para quando pararem em uma casa onde está desenhada a cauda de uma serpente.

E quando uma dupla/equipe parar em uma casa onde está desenhada alguma parte do gênio — caso os adversários em sua vez tenham acertado o desafio — eles poderão avançar o número de casas determinado pelo dado com menor número rolado pelos adversários (por exemplo, os adversários acertaram o desafio, rolaram os dados e obtiveram um 5 e um 3, a dupla que está na casa com o gênio avançará 3 casas). Ganha o jogo a dupla ou equipe que primeiro alcançar a casa de número 100.

Considerações finais

O principal objetivo da elaboração dessa proposta era encontrar alternativas para introduzir equação de maneira descontraída em sala de aula, visando despertar o interesse dos alunos e facilitar a compreensão do conteúdo.

O trabalho em grupo, o espírito de competitividade e a sutileza com que o conteúdo é introduzido fazem de jogos, como os apresentados, boas alternativas para atingir o objetivo da proposta.

Devido à pandemia da COVID-19, não pudemos aplicar a proposta em sala de aula, mas propomos que os professores utilizem as atividades com seus alunos, podendo alterá-las conforme o contexto escolar.

Notas

  1. Acadêmica do curso de Matemática Unioeste/Cascavel. Bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid). E-mail: [email protected]

  2. Professora do curso de Matemática – Unioeste/Cascavel. Colaboradora de área do subprojeto Interdisciplinar Matemática/Química, do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), da Unioeste. E-mail: [email protected]

  3. O termo variáveis foi escrito aqui por escolha dos autores e/ou tradutores do aplicativo.

Referências

ARAÚJO, A. L. Pandemia acentua déficit educacional e exige ações do poder público. Brasília: Agência Senado, 2021. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/noticias/infomaterias/2021/07/pandemia-acentua-deficit-educacional-e-exige-acoes-do-poder-publico. Acesso em: 26 ago. 2022.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. 1998. Terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: Matemática - MEC/SEF, Brasília 1998.
FARIAS, M. R. P. de. O jogo e a brincadeira como promotores de aprendizagem. 2008. Projeto aplicado como implementação de proposta do PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional) ao Núcleo Regional de EducaçãoSão José dos Pinhais 2008.
ROCHA, H. R. Pandemia acentua déficit educacional e exige ações do poder público. 2017. 116 f. Dissertação (Mestrado em Matemática em Rede Nacional) - Universidade Federal de Goiás, Goiânia 2017.
SOUZA, M. L. V.; LOPES, S. A. A.; NASCIMENTO, K. G. D. Álgebra: Proposta da unidade temática na BNCC e desafios por sua trajetória ao longo dos nove anos do Ensino Fundamental. Rio de janeiro: ANPMat, 2020. Disponível em: https://anpmat.org.br/ebooks-dos-simposios. Acesso em: 26 ago. 2022.