Jogos no ensino de equações
Objetivo geral
Propor jogos que auxiliem principalmente professores dos anos finais do ensino fundamental, no ensino-aprendizagem de equações e que possam ser utilizados tanto em aulas remotas quanto em aulas presenciais.
Introdução
Nos encontros semanais do grupo de alunos do Curso de Matemática/Cascavel, no subprojeto Interdisciplinar Matemática/Química, do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid), grande parte das discussões estava relacionada ao ensino da matemática e as diferentes formas de abordagem dos seus conteúdos em sala de aula. Diante disso, foi sugerida a elaboração de uma proposta didático-pedagógica com conteúdo pré-determinado para ser trabalhado nas turmas que acompanhamos na escola, na qual desenvolvemos as atividades do subprojeto, na cidade de Cascavel. Entre as turmas acompanhadas estão as do 7º ano do ensino fundamental.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, grande parte da dificuldade encontrada pelos alunos nas aulas de matemática está relacionada ao fato de não terem a percepção das aplicações e funcionalidades da referida disciplina (BRASIL, 1998). Com isso, a insegurança, o desinteresse e até mesmo a rejeição pela disciplina norteiam a realidade da maioria dos estudantes. Esses problemas foram agravados no período de aulas remotas, ministradas de forma online, devido ao cenário de pandemia da COVIDD-19 conforme mostram as pesquisas de 2021 citadas por Araújo (2021) em artigo publicado pela Agência Senado.
Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a função da álgebra no ensino fundamental é desenvolver o pensamento algébrico nos alunos, incentivá-los a criar modelos matemáticos para compreender situações e fenômenos, representar e analisar as relações quantitativas e qualitativas entre grandezas, utilizando-se de estruturas matemáticas com símbolos e letras, conforme expõem Souza, Lopes e Nascimento (2020).
Observa-se que comumente os conteúdos matemáticos são abordados de maneira mais técnica, o que os desvincula totalmente da diversão. Contudo há autores que sustentam a ideia de que a matemática:
[...] trabalha com raciocínios hipotético-dedutivos, com demonstrações apoiadas sobre um conjunto de axiomas, postulados e teoremas, no Ensino Fundamental é importante o tratamento lúdico da disciplina que se utiliza de recursos concretos para que, através de experimentações, os alunos possam tirar conclusões e desenvolver as habilidades necessárias para resolver problemas inerentes ao seu cotidiano. (SOUZA et al., 2020, p. 2)
Por isso, parece ser importante realizar práticas pedagógicas em sala, conforme as necessidades e a realidade dos estudantes, de maneira que as aulas sejam mais interessantes e que favoreçam a aprendizagem e o trabalho do professor.
Sendo a matemática uma disciplina, que, como as demais, exige atenção, dedicação e motivação para que os conteúdos abordados possam ser apreendidos, os jogos podem ser ferramentas que auxiliam no processo de aprendizagem (ROCHA, 2017). O jogo, como promotor de aprendizagem, pode ser uma peça fundamental dentre as ferramentas educacionais utilizadas pelo professor, pois a interação do indivíduo com o jogo e com os colegas parceiros pode aproximá-lo do conteúdo a ser trabalhado. Quando colocado em situações lúdicas, o indivíduo pode compreender a estrutura básica do jogo e, consequentemente, o conteúdo trabalhado por meio dele (FARIAS, 2008).
Assim, ao decidirmos escrever sobre equações, conteúdo que estava sendo abordado nas turmas assistidas pelos alunos de iniciação à docência, concluímos que o uso de jogos poderia ser uma boa alternativa para contornar o problema do desinteresse. Essa seria uma maneira mais descontraída de inserir a álgebra, facilitar e encorajar a compreensão do que são equações e como trabalhar com elas.
Atividade 1:
balança de dois pratos
Objetivo
Introduzir e desenvolver o conceito de equações.
Material
Computadores com acesso à internet ou uma balança de dois pratos e objetos que representem os pesos.
Acesso à atividade
Funcionamento
Primeira etapa – noções básicas
Para desenvolver essa atividade, fica a critério do professor escolher se a realizará individualmente ou em grupos.
Nessa etapa, cada grupo pode escolher com qual conjunto de figuras prefere realizar a atividade: frutas, moedas ou animais. Será informado aos alunos o valor de uma das figuras que representam os pesos (valores estabelecidos no planejamento da atividade: laranja = 2, maçã = 4, limão = 5, moeda rosa = 3, moeda amarela = 2, moeda prata com rosto = 5, cachorro = 11, gato = 4, tartaruga = 6) e será pedido que, com ajuda da balança, descubram o peso das figuras restantes do conjunto escolhido.
Em seguida, é apresentada aos alunos a definição de equação, passando da ideia das figuras e da balança à linguagem matemática e definindo os conceitos de equação e incógnita. Na sequência, perguntamos se seria possível equilibrar a balança usando apenas uma das três figuras em um dos pratos e as outras duas no outro (maçãs e laranjas em um dos pratos e limões no outro, por exemplo).
Segunda etapa - variáveis3
Nessa etapa, será passado aos alunos os valores para a incógnita x e algumas equações para que coloquem em um dos pratos e depois descubram qual é o valor que soluciona a equação e o que acontece se o valor de x da equação for alterado. Nesse processo, serão debatidos os conceitos de primeiro e segundo termo e solução/raízes da equação.
Terceira etapa – operações
Nessa etapa, o educador trabalhará com os alunos a ideia de equações equivalentes, perguntando a eles se é possível equilibrar a balança colocando equações diferentes em cada prato e até determinando uma das equações para mostrar aos alunos que uma equação pode ter várias equações equivalentes.
Quarta etapa – resolve!
Nessa etapa, os alunos colocam em prática todo o aprendizado, começando a solucionar equações.
O professor passará equações e o aluno deverá descobrir o valor da incógnita.
Atividade 2:
serpentes e escadas – trilha das equações
Objetivo
Ajudar os alunos na reflexão e compreensão do conteúdo de equação, sanando possíveis dúvidas, usando desafios divertidos, inspirados em situações cotidianas.
Material
- 2 dados simples (6 faces)
- Objetos para serem usados como peões
- Tabuleiro do jogo escadas e serpentes
- Cartões e cartões respostas
Acesso ao tabuleiro e cartões
Regras do jogo
Após dividir a turma em duplas (ou equipes, a critério do professor da turma), cada duas duplas ou duas equipes receberão um tabuleiro, cartas que ficarão empilhadas ao lado com seus versos voltados para cima, peões que serão posicionados na casa de número 1 e dados. Ao determinar quem iniciará o jogo, a dupla/equipe pega uma carta da pilha, lê o desafio em voz alta e tenta resolver. Depois de resolver, buscam o cartão-resposta com o número da atividade do cartão e comparam as respostas; se acertarem devem rolar os dados e avançar o número de casas determinado por eles; se errarem, permanecem na casa atual e será a vez dos adversários, que repetirão as ações.
Caso uma dupla/equipe pare em uma casa em que está desenhada a base de uma escada, eles poderão avançar para a casa onde está o topo dessa escada. A regra não se aplica para quando pararem na casa onde está desenhada o topo da escada. Se pararem em uma casa que possui a cabeça de uma serpente desenhada, deverão retornar a casa onde está desenhada a cauda da serpente. A regra não se aplica para quando pararem em uma casa onde está desenhada a cauda de uma serpente.
E quando uma dupla/equipe parar em uma casa onde está desenhada alguma parte do gênio — caso os adversários em sua vez tenham acertado o desafio — eles poderão avançar o número de casas determinado pelo dado com menor número rolado pelos adversários (por exemplo, os adversários acertaram o desafio, rolaram os dados e obtiveram um 5 e um 3, a dupla que está na casa com o gênio avançará 3 casas). Ganha o jogo a dupla ou equipe que primeiro alcançar a casa de número 100.
Considerações finais
O principal objetivo da elaboração dessa proposta era encontrar alternativas para introduzir equação de maneira descontraída em sala de aula, visando despertar o interesse dos alunos e facilitar a compreensão do conteúdo.
O trabalho em grupo, o espírito de competitividade e a sutileza com que o conteúdo é introduzido fazem de jogos, como os apresentados, boas alternativas para atingir o objetivo da proposta.
Devido à pandemia da COVID-19, não pudemos aplicar a proposta em sala de aula, mas propomos que os professores utilizem as atividades com seus alunos, podendo alterá-las conforme o contexto escolar.
Notas
Acadêmica do curso de Matemática Unioeste/Cascavel. Bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid). E-mail: luiza.stunder@gmail.com ↑
Professora do curso de Matemática – Unioeste/Cascavel. Colaboradora de área do subprojeto Interdisciplinar Matemática/Química, do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), da Unioeste. E-mail: arlenisella@hotmail.com ↑
O termo variáveis foi escrito aqui por escolha dos autores e/ou tradutores do aplicativo. ↑